quinta-feira, 30 de maio de 2013

Reorganizando o Grupo Otimismo

30/05/2013 



Reorganizando o Grupo Otimismo


Desde que comecei a me envolver na luta contra a epidemia de hepatite C ouço dizer que o combate a epidemia já conseguiu muitos avanços. Ao mesmo tempo, ao final de cada ano, o número de pacientes que receberam tratamento no sistema público de saúde, que é o melhor e único índice que existe para avaliar o desempenho de um programa, é decepcionante. 

Todos os anos surgiram notícias sobre amplas campanhas de divulgação, de diagnostico, de aumento da capacidade de tratamento, de portarias para facilitar o acesso aos medicamentos e tantas outras que, se pelo menos 50% dessas promessas tivessem sido implementadas hoje estaríamos tratando mais de 30.000 pacientes a cada ano, mas a realidade mostra que mal conseguimos tratar, no máximo, uns 12.000 e, pior ainda, certamente em 2013 o total de tratamentos será menor que em 2012 já que o consumo de medicamentos no primeiro semestre de 2013 (segundo dados oficiais) foi 5,4% menor que em 2012. Se o consumo de medicamentos é menor não será necessária uma mente brilhante para afirmar que o número de pacientes tratados será menor. 

O Grupo Otimismo lutou nos seus primeiros anos na formação de políticas publicas. Utilizando a mídia, a mobilização dos infectados, seus familiares, atuando junto a outras ONGs e o ministério público conseguimos ter em 2003 um programa nacional, em 2007 centralizar a compra dos medicamentos em Brasília e em 2008, meio que a contragosto, a incorporação das hepatites no Departamento DST/AIDS. Pensávamos então que o enfrentamento da maior epidemia que assola o Brasil, atingindo uns cinco milhões de brasileiros iria deslanchar, acreditavamos que as promessas e intenções seriam firmes e verdadeiras, o que nos levou a atuar de uma forma mais "light", sentando com os gestores, realizando reuniões e mais reuniões e cuidando de problemas pontuais. Hoje verificamos que foi um erro, uma forma pouco efetiva de conseguir resultados. 

Resumindo, passados 10 anos da criação do Programa Nacional de Hepatites Virais em 2003, quando 7,500 tratamentos eram realizados a cada ano, o crescimento foi de singelos 5% ao ano, chegando aos 12.000 tratamentos atuais em vez dos mais de 30.000 prometidos. Ou tudo o prometido deu errado ou foi só conversa para boi dormir. 

Desiludidos por acreditar em promessas nunca cumpridas estamos tomando a decisão de voltarmos no tempo e reorganizar nossa forma de atuação, passando novamente a atuar junto a defensoria e o ministério público, abrindo procedimentos administrativos para apurar responsabilidades dos gestores, denunciando quem estiver simplesmente encastelado na sua função e não apresenta resultados que atendam a população. 

Pretendemos deixar de lado o objetivo da solução de conflitos e carências e, passar a visar às causas estruturais que levam a esses problemas, batendo em quem for necessário já que conforme diz a carta do diabo do Tarô, o fim justifica os meios. 

Para tal estamos dando inicio a contratação de um advogado para redigir os textos da solicitação de abertura de procedimentos na defensoria e ministério público, processo de seleção que já se encontra em andamento e está aberto a todos os advogados que estiverem interessados. Não necessariamente deve ser residente do Rio de Janeiro. 

Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com 

FONTE:

http://www.hepato.com/p_otimismo/101_port_otimismo.html

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