quarta-feira, 8 de maio de 2013

Comentários gerais sobre apresentações na hepatite C no EASL 2013

02/05/2013 

Comentários gerais sobre apresentações na hepatite C no EASL 2013


Centenas de apresentações aconteceram em relação a novos tratamentos na hepatite C nos cinco dias do congresso. Falar de forma individual de cada uma delas seria uma tarefa desnecessária, então farei uma visão geral e nas próximas semanas um detalhamento maior daquelas que se configuram como mais promissoras. 

Por ser enorme o bombardeio de dados e apresentações que aconteceram durante os cinco dias do congresso europeu de fígado, o EASL 2013, estarei tomando extremo cuidado, como é meu costume, que antes de divulgar estarei lendo com atenção as letras "pequenas" e as entre linhas, pois é sempre necessário separar o que é dato científico daquilo que pode ser marketing das empresas. Tenho tal liberdade porque minha participação no EASL 2013 não teve patrocínio de nenhum dos laboratórios fabricantes de medicamentos, não possuindo então conflitos de interesse. 

Esclareço para os ansiosos infectados com os genótipos 2 e 3 que todas as pesquisas são iniciadas com o genótipo 1, já que esse é o genótipo de maior prevalência no mundo e o que apresenta menor resposta terapêutica. Uma vez confirmada a eficácia e segurança os ensaios começam então com os outros genótipos, a tal ponto que curiosamente o primeiro medicamento oral a solicitar registro e autorização no FDA (Estados Unidos) é o Sofosbuvir para tratamento dos genótipos 2 e 3 e, não para o genótipo 1. 

O tratamento oral da Abbvie (Abbott) na fase 2 obteve a cura de 98% dos pacientes infectados com o genótipo 1 em somente 12 semanas de tratamento e nos retratamentos de respondedores nulos a um tratamento anterior a cura foi obtida por 96% em 24 semanas de terapia. Abbvie esta realizando a fase 3 incluindo 2.600 pacientes. 

Merck (MSD) anunciou um acordo de cooperação com a Bristol-Myers Squibb para dar início à fase 2 de um ensaio clínico para avaliar a segurança e eficácia no tratamento do genótipo 1 da hepatite C combinando os medicamentos orais MK-5172 e Daclastavir. 

O Daclastavir é um inibidor da replicação do NS5A que está sendo amplamente estudado como uma componente chave de possíveis esquemas de tratamentos da hepatite C. Daclastavir está na Fase III de desenvolvimento. 

O MK-5172 é um inibidor de protease NS3/4A oral atualmente em pesquisas em combinação com outros medicamentos aprovados e em ensaios clínicos de Fase II. MK-5172 uma vez por dia, por via oral, é um inibidor de protease NS3/4A e demonstrou uma elevada barreira à resistência. 

MK-5172 em associação com interferon peguilado alfa-2b e ribavirina (PR) foi avaliado em comparação ao tratamento com VICTRELIS® (boceprevir) em pacientes não cirróticos com genótipo 1. Um total de 332 pacientes recebeu MK-5172 combinado com interferon peguilado e ribavirina ou com boceprevir. MK-5172 foi administrado durante 12 semanas com interferon peguilado e ribavirina. Para os pacientes avaliados até o momento, as taxas de resposta viral sustentada (cura) na semana 24 após o tratamento foram de 92% contra 54% nos tratados com boceprevir. 

Janssen mostrou que o TMC435 combinado ao interferon peguilado e ribavirina obteve 80% de cura em pacientes nunca antes tratados infectados com o genótipo 1 e de 91% de cura se na semana quatro os pacientes já se encontravam com resposta virológica rápida. O TMC435 também, esta sendo estudado para tratamentos orais, sem interferon combinado a outras drogas em pesquisas. 

A Janssen informou que na fase 3 do ensaio clínico o Sofosbuvir combinado a ribavirina obteve 97% de cura em infectados com o genótipo 2 (pacientes não cirróticos) e 92% nos cirróticos, já para o genótipo 3 os resultados não foram tão bons, obtendo 61% de cura nos não cirróticos e somente 34% nos cirróticos, praticamente o mesmo resultado que pode ser obtido somente com interferon peguilado e ribavirina, ficando a favor do Sofosbuvir que se trata de um tratamento oral, sem interferon e realizado em somente 12 semanas, mas seguramente será muito mais caro que o tratamento atual. 

Bristol-Meyers-Squib mostrou resultados de um tratamento oral livre do interferon com os medicamentos Asunaprevir e Daclastavir combinado ao BMS325, obtendo a cura de 94% dos pacientes em um ensaio clínico na fase 2 com 24 semanas de terapia. 

SEM COMENTÁRIOS DA MINHA PARTE (Por enquanto): 

Gilead informa estar pesquisando já na fase 3 o Sofosbuvir em combinação com o GS5885 anunciando que deverá solicitar aprovação do FDA em 2014. A Janssen informa que a combinação do TMC435 com o Sofosbuvir e ribavirina obteve 96% de cura em 12 semanas de tratamento e 93% ao se considerar somente os respondedores nulos a um tratamento anterior com interferon peguilado. Bristol-Meyers-Squib relatou taxas de 100% de cura na fase 3 do ensaio clínico combinando o BMS052 com o Sofosbuvir, sem interferon ou ribavirina, ao tratar pacientes nunca antes tratados com interferon. 

Gilead esta realizando seis ensaios clínicos incluindo todos os genótipos. Um deles com 94 pacientes incluindo os que nunca receberam tratamento e os respondedores nulos recebendo terapia de 12 semanas, totalmente oral, com Sofosbuvir, ribavirina e GS5885 ou o GS9669 mostram 100% de cura em pacientes nunca antes tratados com o esquema de 3 drogas de Sofosbuvir + GS5885 + Ribavirina e 100% em pacientes nulos de resposta o mesmo esquema. 

Um estudo da Gilead com Sofosbuvir combinado a ribavirina obteve em 12 semanas de tratamento oral 89% de cura no genótipo 1, 96% no genótipo 4 e 100% nos genótipos 5 e 6. A resposta geral para pacientes sem cirrose foi de 92% e de 80% em pacientes cirróticos. 

Resultados da fase 3 do Faldaprevir da Boehringer realizado com mais de 600 pacientes relatam resultados de cura de 79% no genótipo 1 quando combinado com interferon peguilado e ribavirina em somente 24 semanas de terapia. Boehringer está planejando brevemente submeter o Faldaprevir a aprovação do FDA. 

Recebendo a maior atenção dos médicos presentes no congresso, um primeiro estudo apresentado para retratamento de pacientes que não responderam ao tratamento com boceprevir ou telaprevir foi relatado. Por enquanto com um numero pequeno de pacientes, todos em tratamento oral, sem interferon em 24 semanas de terapia. 21 pacientes receberam Daclastavir e Sofosbuvir e 20 pacientes receberam os dois medicamentos combinados com ribavirina. Na semana 12 após o final do tratamento 95% dos pacientes se encontravam com o vírus indetectável. 

Nos genótipos 2 e 3 em 100 pacientes tratados com Daclastavir combinado com interferon peguilado e ribavirina em 12 ou 16 semanas 88% obtiveram a cura. No genótipo 2 a cura foi de 100% e no genótipo 3 de 70%. 

APROVAÇÕES NOS ESTADOS UNIDOS 

Até o momento dois medicamentos submeteram a aprovação no FDA, organismo dos Estados Unidos, sendo o Sofosbuvir (GS7977) e o TMC435 se aguardando a aprovação até o final deste ano de 2013 quando então entrarão em comercialização já em 2014. Uma audiência no FDA esta sendo aguardada para outubro para ouvir conjuntamente Gilead e Janssen, tal qual aconteceu quando da solicitação do telaprevir e do boceprevir. Nessa audiência, frente a frente cada um dos laboratórios vai defender seu medicamento. 

Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com 



FONTE:

http://hepato.com/p_geral/110_port_geral.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário