22/04/2013
No Brasil e na maioria dos países ocidentais o vírus da hepatite C é a infecção mais comum transmitida pelo sangue.
Traçar um panorama do porque chegamos a esse ponto para que possa servir de base cientifica que demonstre claramente o porquê da necessidade urgente dos governos assumirem de vez ações abrangentes e em especial especificas de combate à hepatite C, próprias para seu ataque, não mais considerando como se fosse uma doença menor e por isso colocada sob o guarda chuva da AIDS.
A seguir colocarei os fatos e as referencias, para que nenhum gestor público da saúde possa negar que o problema é grande e que praticamente nada está sendo feito para enfrentar o problema.
Estudos populacionais nos Estados Unidos estimam que três milhões de norte-americanos se encontrem cronicamente infectados com a hepatite C ( Armstrong GL, Wasley A, Simard EP, McQuillan GM, Kuhnert WL, Alter MJ. The prevalence of hepatitis C virus infection in the United States, 1999 through 2002. Ann Intern Med 2006; 144:705-714.) número similar ao encontrado no Brasil pelo Estudo de Prevalência de Base Populacional das Infecções pelos vírus das Hepatites A, B e C nas Capitais do Brasil realizado pelo ministério da saúde o qual encontrou que na faixa de idade entre 20 e 69 anos, 1,56% está infectado, o que representa três milhões de brasileiros se considerando uma população de 193 milhões (http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/publicacao/2010/50071/estudo_prevalencia_hepatites_pdf_26830.pdf).
Estudos mostram que a disseminação da epidemia aconteceu de forma acelerada nas décadas entre 1970 e 1990.(Colvin HM, Mitchell AE. Hepatitis and Liver Cancer: A National Strategy for Prevention and Control of Hepatitis B and C. Washington, DC: The National Academies Press; 2010.)
Pesquisadores realizaram estudos de coorte para prever o efeito da hepatite C nos infectados (Davis GL, Alter MJ, El-Serag H, Poynard T, Jennings LW. Aging of hepatitis C virus (HCV)-infected persons in the United States: a multiple cohort model of HCV prevalence and disease progression. Gastroenterology 2010; 138:513-521, 521. 511-516.) levando em consideração as diversas diferenças conhecidas na progressão da doença em relação ao sexo e idade em que aconteceu a infecção.
Os resultados mostram que 1 em cada 4 infectados, ou seja 24,8% do total de infectados entre as décadas de 1970 e 1990 terão evoluído para a cirrose em 2010, e que em 2030 os que desenvolverão cirrose se não tratados serão 44,9% dos infectados. Atualmente, nos Estados Unidos, 11% dos que já se encontram na fase da cirrose, apresentam quadros de descompensação hepática, e esta proporção aumentará até 2030.
O câncer hepático nos infectados com hepatite C é crescente e tem previsão atingir seu pico máximo em 2019.(Davis GL, Alter MJ, El-Serag H, Poynard T, Jennings LW. Aging of hepatitis C virus (HCV)-infected persons in the United States: a multiple cohort model of HCV prevalence and disease progression. Gastroenterology 2010;138:513-521, 521.e511-516.)
Podem parecer simples previsões, podem os gestores da saúde as considerar apocalípticas ou fantasiosas, mas o efeito dessas previsões já estão se tornando evidentes. O atendimento ambulatorial nos Estados Unidos mais que dobrou ao se comparar o número de atendimentos no período de 1997 e 1999, com o período compreendido entre 2003 e 2005. (Tsui JI, Maselli J, Gonzales R. Sociodemographic trends in national ambulatory care visits for hepatitis C virus infection. Dig Dis Sci 2008; 54:2694-2698.).
No Brasil, levantamento realizado pelo Grupo Otimismo entrevistando 560 pacientes em tratamento no sistema público de saúde, encontrou que 57,68% dos pacientes se encontram com fibrose avançada (F3) ou já com cirrose (F4), ficando evidente que esses pacientes necessitam de maiores cuidados e um número maior de consultas ambulatoriais. ( http://www.hepato.com/p_otimismo/bomba_viral_explodindo.html).
Complicações relacionadas à hepatite C já são a principal causa de transplantes de fígado, e essa demanda deve aumentar devido ao agravamento dos infectados, em particular os não diagnosticados, aumentando a atual falta de órgãos disponível. A incidência de câncer no fígado causado pela hepatite C, triplicou entre 1975 e 2005, (Altekruse SF, McGlynn KA, Reichman ME. Hepatocellular carcinoma incidence, mortality, and survival trends in the United States from 1975 to 2005. J Clin Oncol 2009;27:1485-1491.) e a mortalidade por causa da hepatite C aumento 123% entre 1995 e 2004. (Wise M, Bialek S, Finelli L, Bell BP, Sorvillo F. Changing trends in hepatitis C-related mortality in the United States, 1995-2004. HEPATOLOGY 2008;47:1128-1135.)
Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com
FONTE:
http://www.hepato.com/p_epidemiologia/104_port_epidemiologia.html
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